Bicicleta Phoenix original duplo quadro semelhante à que equipa os riquechós. Veio de Macau em 1999 e deve ser das únicas em Portugal
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Os resistentes das castanhas assadas e dos gelados
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Outono e Inverno
Na Praça da Figueira,
ou no Jardim da Estrela,
num fogareiro aceso é que ele arde.
Ao canto do Outono,à esquina do Inverno,
o homem das castanhas é eterno.
Não tem eira nem beira, nem guarida,
e apregoa como um desafio.
ou no Jardim da Estrela,
num fogareiro aceso é que ele arde.
Ao canto do Outono,à esquina do Inverno,
o homem das castanhas é eterno.
Não tem eira nem beira, nem guarida,
e apregoa como um desafio.
É um cartucho pardo a sua vida,
e, se não mata a fome, mata o frio.
e, se não mata a fome, mata o frio.
Lisboa 1966 |
Já não embrulham as castanhas assadas em cartucho pardo nem em listas telefónicas, mas os fogareiros continuam acesos. Andam também pelo Areeiro, Praça de Londres e Saldanha. A vida talvez já não seja de fome, mas o frio continua a pedir guarida e protecção.
Lisboa, Praça do Areeiro |
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais calor p'ra casa.
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais calor p'ra casa.
Lisboa, Praça D. Pedro V, 1907 |
Um carro que se empurra,
um chapéu esburacado,
no peito uma castanha que não arde.
Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado
o homem que apregoa ao fim da tarde.
Ao pé dum candeeiro acaba o dia,
voz rouca com o travo da pobreza.
Apregoa pedaços de alegria,
e à noite vai dormir com a tristeza.
um chapéu esburacado,
no peito uma castanha que não arde.
Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado
o homem que apregoa ao fim da tarde.
Ao pé dum candeeiro acaba o dia,
voz rouca com o travo da pobreza.
Apregoa pedaços de alegria,
e à noite vai dormir com a tristeza.
Lisboa, Praça de Roma |
O sr. Eduardo Pinto é alegre e falador, gosta de recordar o ano de 1954 em que os outros vendedores da Morais Soares tentaram correr com o seu triciclo a pedais.
Depois trabalhou numa livraria e partiu para África, de onde voltou para comprar a sua Zundapp de 4 velocidades que mais tarde maravilhou o técnico alemão pela sintonia em que mantinha o motor. Continua a apregoar pedaços de alegria enquanto espera ansioso pelo momento em que encontra a sua companheira Lurdes, que conduz o célebre triciclo azul desde o St. António. Ao passar pelo Areeiro, a caminho de Chelas, recebem a companhia da sobrinha Maria Silvina.
Lisboa, Av. da Igreja |
O sr. Afonso, Sereno de nome e feitio, comanda a frota de 5 triciclos que ocupa outras zonas de Lisboa, não hesitando ao negar a sua venda para um hotel em Angola, mas permitindo, orgulhoso, fotos de artista que irão decorar uma qualquer Recepção nesses lugares quentes e bons.
Lisboa, Praça do Areeiro |
Primavera e Verão
Lisboa, Algures (obrigado Rodas de Viriato) |
Lisboa, Praça do Saldanha |
Duas famílias que perpetuam, conscientes da sua missão, uma tradição portuguesa de décadas que não querem deixar morrer.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
O meu objecto do século ou Vespa versus Peidociclo
Daciano Costa (1930-2005) foi um dos mais destacados designers portugueses, responsável por obras obras tão marcantes como os interiores da Biblioteca Nacional, do Centro Cultural de Belém e da Casa da Música. O seu espólio de arquitecto e designer vai ficar em depósito no MUDE, em Lisboa, na sequência de um protocolo assinado em Julho de 2010 entre a família e a Câmara de Lisboa, que tutela o museu.
Em 1952 visitou Roma e ficou encantado com o design das Vespas que via passar na rua, quem sabe se também influenciado pelo filme Roman Holiday, estreado nesse ano de 1952, com Gregory Peck e Audrey Hepburn
Em 1995 escreve para a Revista Expresso:
..." Primo la Musica" Para quem pela 1ª vez em Roma, naquele 1952, tudo era "diferente" e "mais". Mas uma coisa era mais e diferente: a "Vespa". Pares enlaçados em vertiginosas valsas com lindíssimas coreografias, nos entardeceres da Cidade Eterna, deixavam os campónios espetados na calçada!
O que se descobriu em primeiro lugar foi um novo modo de conviver em andamento, uma dança, um acasalamento feliz. Depois, prosaicamente, racionalizou-se que ali estava um novo meio de transporte unissexo e ladino que naquele pós-guerra vinha democratizar o modo de viajar...
..."Doppo la Parola" Muitos anos depois, frente ao agressivo "peidociclo" urbano (agora nipónico) e à expansão do rural "cavalo de arame", posso referir a "Vespa" como o meu objecto de "design" do século e também um pouco a "Lambretta", sua irmã colaça. Ambas propõem uma posição sentada pacífica e unissexo, mas só a "Vespa" nos dá um "habitáculo" definido claramente pelo seu subido avental, criando um espaço vivencial. Também ela, com uma imagem global unitária (zumbido, forma de insecto e denominação), é que melhor se afirma...
A "Vespa" é uma verdade estrutural porque adopta inesperadamente uma "estrutura laminar" de elementos em chapa estampada, tornados solidários por soldaduras num só conjunto rígido: estrutura/carrosseria resultante da experiência industrial da Piaggio no campo da aeronáutica. O modelo 98, de 1945, desenhado por Corradino d´Ascanio, fixa definitivamente uma imagem de produto com uma lógica formal que, como ideia em movimento, vem até ao modelo mais recente, acentuando-se agora linguisticamente pelas "antenas" dos retrovisores.
A "Vespa" não é a botifarra da afirmação de personalidades agressivas. Só o tremendo aumento de tráfego exige o capacete lunar, perdendo-se os cabelos ao vento, as pernas cruzadas à amazona das "penduras" e aquele pestanejar cintilante das minhas encantadas memórias romanas! Não é para cavalgadas apocalípticas e, como "indumentária", uma cordial pantufa!"
Revista nº 1173 do jornal "Expresso"
Abraço entre culturas
Com a visita do Presidente Chinês ao nosso país esta semana, será bom recordar que as relações entre os dois países, nomeadamente através de Macau, já vêm desde há muito. Essa ligação tem sido manifestada de diversas formas, inclusive através das duas rodas: neste preciso momento Rafael Polónia e Tanya Ruivo ligam Ovar e Macau de bicicleta
O primeiro raide ligando estes dois mundos terá sido a viagem aérea que os aviadores Brito Pais e Sarmento Beires, a bordo do avião Pátria, levaram a cabo em 1924, que foi evocada em 1987 por Jorge Cruz, Prata Mendes e Arnaldo Leal, os três tripulantes do “Sagres
Voltando às 2 rodas, em 1999 os portuenses Tito Baião e João Pedro Pereira, parceiros em outras aventuras motociclistas, ligaram Macau ao Porto de moto, atravessando a China, Nepal, India, Paquistão, Irão, Iraque, Jordãnia, Egipto, Líbia, Tunisia, França e Espanha. Também tenho conhecimento do projecto "Missão Macau" de João Menezes e João Pedro Mendes Pinto, mas confesso que não descobri se chegou a ser concretizou
1999 |
1977 |
Falando agora das quatro rodas, poderemos começar por referir a viagem de Vasco Callixto em 1977, que deu origem ao livro "Viagem a Macau: uma relíquia de Portugal no Oriente"…embora em automóvel apenas tenha feito 285 km, sem dúvida uma frustração para quem estava habituado a rodar pelas estradas da Europa e picadas africanas.
Mas em 1988 João Santos, Vitalino de Carvalho, José Babaroca, João Severino, Mok Wa Hoi, João Queiroga e Jorge Barra, nos seus UMM, conduziram os três jipes ao longo de 22 mil quilómetros durante 50 dias, exactamente o mesmo tempo que em 1990 António Calado, Joaquim Correia, Mário Sin, António Teixeira, Fernando Silva, Filipe Kuan, James Jacinto, Há Son, Igor Lomakine e Serguei Moiseev (ambos jornalistas na Rádio Moscovo) levaram a percorrer os 23.500 km que ligam os dois territórios. Desta aventura ficou um documentário que já foi exibido em televisões portuguesas e chinesas
1990 José Lisboa |
Por último, não posso deixar de referir a façanha de José Lisboa, que queria fazer o Londres – Pequim, prova organizada pela agência Jules Verne em 1990 para reeditar o Pequim – Paris de 1907. A este projecto juntaram-se Patrício Madariaga O´Ryan, um pintor e músico Chileno de ascendência Basca e Irlandesa que na altura residia cá no Algarve e que tinha um conjunto musical com o terceiro elemento, Germano Britos Quadaim, um Uruguaio de ascendência Portuguesa. Como a Câmara Municipal de Lagos foi um dos principais patrocinadores da iniciativa, a equipa decidiu ligar Sagres a Macau, acrescentando assim mais uns milhares de quilómetros aos 16000 que compunham o London To Peking Motor Challenge, daí que a viagem deste trio tenha sido, na prática, Sagres – Londres – Pequim – Macau (informação retirada de www.ralisasul.com/)
Alguns links e fotografias foram retiradas, com a devida autorização que agradeço, do blog macauantigo.blogspot.com/
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